“O cacho do licuri ô
Zé, tá maduro pra cair”.
Os olhos de meu bem tão
se fechando para dormir”
(Canto das Mulheres
Quebradeiras de Coco, Comunidade Raposa)
A
comunidade Raposa, situada no município de Caldeirão Grande- Bahia,foi
certificada como comunidade remanescente de quilombolas. Esse território foi ocupado por negros/as que
fugiram resistindo à escravidão e a opressão dos senhores coronéis. A partir
disso, a comunidade passou a se organizar politicamente através da Associação
Quilombola de Raposa e muitas foram as conquistas advindas dessa organização
comunitária. Mesmo diante de muitos entraves a comunidade está coseguindo
algumas conquistas como projeto de banheiros, trator, cesta básica, Todos pela
Alfabetização (TOPA), projeto Um Milhão de Cisternas (P1MC) e etc.
As
famílias de Raposa vivem da agricultura familiar, por meio do cultivo de milho,
feijão e mandioca, da criação de caprinos e bovinos e, do trabalho com o coco
do babaçu, que é desenvolvido pelas mulheres da comunidade, que por sinal é a
atividade que mais fortalece a renda desse povo.
As
fontes de água da comunidade ainda são escassas e não há acesso de água
encanada para todas as famílias. Dessa forma, a comunidade ainda enfrenta
problemas de acesso à água tanto para beber, como para produzir. Nesse período
de longa estiagem a famigerada indústria da seca ainda se apresenta nessa comunidade,
através da distribuição desigual da água de carro pipa.
Recentemente
a comunidade quilombola Raposa foi contemplada com o “Projeto Mais Água:
Captação de Água de Chuva para Produção no Semiárido Baiano” (Convênio 017/2011
MDS/SEDES - Subconvênio 256/2012 ESTADO/SEDES/COFASPI) executado pela
Cooperativa de Trabalho e Assistência à Agricultura Familiar Sustentável do
Piemonte (COFASPI).
A
comunidade será atendida com as cisternas de produção/enxurrada, barreiros
trincheira familiar e comunitário. A partir da implementação dessas tecnologias
sociais as famílias agricultoras poderão garantir a produção alimentar no
período de estiagem, além disso, as famílias já estão envolvidas no conjunto de
ações de formação pela Convivência com o Semiárido do Projeto Mais Água e da
COFASPI, como os intercâmbios e os cursos de Gerenciamento de Água para Produção
de Alimentos (GAPA).
Sobre
a conquista da segunda água (para produção) o agricultor Valdir dos Santos
comenta: “Esse é um projeto ideal para nossa comunidade que é quilombola e é
carente, é bem interessante essa proposta para as famílias. Aqui nossas
famílias dependem dessa água para fazer o plantio das hortaliças e também para
dar água aos animais que a gente cria”.
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