terça-feira, 8 de outubro de 2013

Comunidade Quilombola de Raposa conquista acesso à segunda água


“O cacho do licuri ô Zé, tá maduro pra cair”.
Os olhos de meu bem tão se fechando para dormir”
(Canto das Mulheres Quebradeiras de Coco, Comunidade Raposa)

A comunidade Raposa, situada no município de Caldeirão Grande- Bahia,foi certificada como comunidade remanescente de quilombolas.  Esse território foi ocupado por negros/as que fugiram resistindo à escravidão e a opressão dos senhores coronéis. A partir disso, a comunidade passou a se organizar politicamente através da Associação Quilombola de Raposa e muitas foram as conquistas advindas dessa organização comunitária. Mesmo diante de muitos entraves a comunidade está coseguindo algumas conquistas como projeto de banheiros, trator, cesta básica, Todos pela Alfabetização (TOPA), projeto Um Milhão de Cisternas (P1MC) e etc.

As famílias de Raposa vivem da agricultura familiar, por meio do cultivo de milho, feijão e mandioca, da criação de caprinos e bovinos e, do trabalho com o coco do babaçu, que é desenvolvido pelas mulheres da comunidade, que por sinal é a atividade que mais fortalece a renda desse povo.
As fontes de água da comunidade ainda são escassas e não há acesso de água encanada para todas as famílias. Dessa forma, a comunidade ainda enfrenta problemas de acesso à água tanto para beber, como para produzir. Nesse período de longa estiagem a famigerada indústria da seca ainda se apresenta nessa comunidade, através da distribuição desigual da água de carro pipa.

Recentemente a comunidade quilombola Raposa foi contemplada com o “Projeto Mais Água: Captação de Água de Chuva para Produção no Semiárido Baiano” (Convênio 017/2011 MDS/SEDES - Subconvênio 256/2012 ESTADO/SEDES/COFASPI) executado pela Cooperativa de Trabalho e Assistência à Agricultura Familiar Sustentável do Piemonte (COFASPI).

A comunidade será atendida com as cisternas de produção/enxurrada, barreiros trincheira familiar e comunitário. A partir da implementação dessas tecnologias sociais as famílias agricultoras poderão garantir a produção alimentar no período de estiagem, além disso, as famílias já estão envolvidas no conjunto de ações de formação pela Convivência com o Semiárido do Projeto Mais Água e da COFASPI, como os intercâmbios e os cursos de Gerenciamento de Água para Produção de Alimentos (GAPA).


Sobre a conquista da segunda água (para produção) o agricultor Valdir dos Santos comenta: “Esse é um projeto ideal para nossa comunidade que é quilombola e é carente, é bem interessante essa proposta para as famílias. Aqui nossas famílias dependem dessa água para fazer o plantio das hortaliças e também para dar água aos animais que a gente cria”.

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