segunda-feira, 10 de junho de 2013

Iniciativa integra atividades do Programa Semear e inclui visitas a experiências de agricultores e agricultoras familiares do Semiárido baiano



Comunicação Semear

Promoção da Agroecologia e a Construção Social dos Mercados. Este é o tema da segunda edição da Rota Estratégica de Aprendizagem do Programa Semear – Gestão do Conhecimento em Zonas Semiáridas do Nordeste brasileiro, que teve início hoje (08), em Juazeiro, Bahia. Cerca de 40 representantes de organizações governamentais, da sociedade civil, grupos produtivos e instituições públicas e de pesquisa participam da iniciativa, compartilhando experiências e saberes voltados para o desenvolvimento sustentável da região.

A mesa temática de abertura do evento contou com a presença de representantes de diferentes organizações com atuação no Semiárido. Carlos Eduardo, especialista temático da Rota Estratégica e coordenador do Serviço de Assessoria a Organizações Populares - Sasop, abriu a mesa abordando o surgimento da Agroecologia enquanto campo de conhecimento, a partir dos anos 1970, enfatizando a construção social dos mercados, para além da lógica de acesso. “Quando falamos de mercado, lembramos sempre dos institucionais, mas existem muitas outras possibilidades. A agricultura é diversa e os grupos organizados diversificam esse mercado com as cooperativas, feiras e rede de comercialização”, explica. O especialista aponta ainda o componente de inovação que caracteriza a Agroecologia, na medida em que valoriza a construção do conhecimento a partir do agricultor.

José Moacir, do Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada - IRPAA, trouxe elementos da convivência com o Semiárido a partir da construção de uma linha do tempo, desde a época da colonização da região, mostrando as variadas possibilidades e riquezas da caatinga. Moacir ressaltou que o fim da fome e da sede no Semiárido brasileiro virá quando se resolver a questão da terra, da garantia da água e do conhecimento sobre produção apropriada ao clima.

Já o gestor do macro programa de Agricultura Familiar EMBRAPA, Altair Machado, abordou as estratégias de pesquisa da EMBRAPA em agrobiodiversidade. Ele apresentou a evolução das espécies cultivadas e dos sistemas de produção ao longo da história e as mudanças na agricultura após a Revolução Industrial e a Revolução Verde. Altair revelou ainda que a EMBRAPA possui 71 projetos de pesquisa em todo o Brasil que estão sendo desenvolvidos junto com agricultores e agricultoras familiares. No Nordeste, são 18 projetos, sendo quatro deles desenvolvidos em grupos de trabalho em parceria com universidades, institutos de educação e pesquisa e organizações sociais. 

Paulo Petersen, coordenador da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia e vice-presidente da Associação Brasileira de Agroecologia, abordou as razões da crise dos alimentos e pontuou a agroecologia e a agricultura camponesa como alternativas para promoção da autonomia e da soberania da agricultura. “Os agricultores familiares diversificam, processam, constroem mercados locais e criam uma nova forma de cooperação local com redução dos custos monetários e baixa dependência do capital externo”, comenta, destacando que a agricultura familiar cria mercados e negocia a partir de valores que vão além do monetário.

Feira de Experiências – Na programação da tarde, os participantes usaram cartazes, banners e outros materiais para trocarem suas experiências institucionais. O grupo refletiu sobre quais ações desenvolvidas se relacionam com a temática da Rota Estratégica, de que maneira se pode melhorar a atuação e quais as expectativas em relação à segunda Rota de Aprendizagem. Foram apresentados trabalhos da EMATER Piauí, Cáritas NE3, SUAF/SEAGRI, Centro Sabiá, Caatinga, Instituto de Permacultura da Bahia, SASOP, AS-PTA, Rede de Agricultores do ACRE, CAR, Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Ceará, ASCOOB, Sebrae Bahia, MOC, Coopercuc, COOAFAP, Coletivo Regional do Cariri, Seridó e Curimataú, Projeto Dom Helder Câmara, Obra Kolping Piauí, CETRA, IRPAA, Emdagro, Embrapa Caprinos e Ovinos, CPT, Embrapa Semiárido e COFASPI.

Para a coordenadora do Programa Semear, Léa Vaz Cardoso, a Feira foi uma oportunidade única de conhecer o trabalho realizado pelas organizações presentes na temática da Rota. “De fato, esse espaço contribuiu para o diálogo entre organizações que desenvolvem trabalhos afins, às vezes no mesmo estado, e que tiveram, pela primeira vez, a oportunidade de intercâmbio”.

A segunda edição da Rota Estratégica de Aprendizagem segue até o dia 15 com visitas a experiências agroecológicas nos municípios baianos de Uauá, Remanso e Várzea da Roça, para onde o grupo segue amanhã e visitará a experiência da Associação Comunitária de Lagoa Preta e Capoeira do Milho. Acompanhe a cobertura diária da segunda Rota de Aprendizagem do Programa Semear também na página do facebook.

O Programa Semear é implementado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura – IICA e o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola – FIDA, com apoio da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento – AECID. 


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