Comunicação Semear
Promoção da Agroecologia e a
Construção Social dos Mercados. Este é o tema da segunda edição da Rota
Estratégica de Aprendizagem do Programa Semear – Gestão do Conhecimento em
Zonas Semiáridas do Nordeste brasileiro, que teve início hoje (08), em Juazeiro,
Bahia. Cerca de 40 representantes de organizações governamentais, da sociedade
civil, grupos produtivos e instituições públicas e de pesquisa participam da
iniciativa, compartilhando experiências e saberes voltados para o
desenvolvimento sustentável da região.
A mesa temática de abertura do evento
contou com a presença de representantes de diferentes organizações com atuação
no Semiárido. Carlos Eduardo, especialista temático da Rota Estratégica e
coordenador do Serviço de Assessoria a Organizações Populares - Sasop, abriu a
mesa abordando o surgimento da Agroecologia enquanto campo de conhecimento, a
partir dos anos 1970, enfatizando a construção social dos mercados, para além
da lógica de acesso. “Quando falamos de mercado, lembramos sempre dos institucionais,
mas existem muitas outras possibilidades. A agricultura é diversa e os grupos
organizados diversificam esse mercado com as cooperativas, feiras e rede de
comercialização”, explica. O especialista aponta ainda o componente de inovação
que caracteriza a Agroecologia, na medida em que valoriza a construção do
conhecimento a partir do agricultor.
José Moacir, do Instituto Regional da
Pequena Agropecuária Apropriada - IRPAA, trouxe elementos da convivência com o
Semiárido a partir da construção de uma linha do tempo, desde a época da
colonização da região, mostrando as variadas possibilidades e riquezas da
caatinga. Moacir ressaltou que o fim da fome e da sede no Semiárido brasileiro
virá quando se resolver a questão da terra, da garantia da água e do conhecimento
sobre produção apropriada ao clima.
Já o gestor do macro programa de
Agricultura Familiar EMBRAPA, Altair Machado, abordou as estratégias de
pesquisa da EMBRAPA em agrobiodiversidade. Ele apresentou a evolução das
espécies cultivadas e dos sistemas de produção ao longo da história e as
mudanças na agricultura após a Revolução Industrial e a Revolução Verde. Altair
revelou ainda que a EMBRAPA possui 71 projetos de pesquisa em todo o Brasil que
estão sendo desenvolvidos junto com agricultores e agricultoras familiares. No
Nordeste, são 18 projetos, sendo quatro deles desenvolvidos em grupos de
trabalho em parceria com universidades, institutos de educação e pesquisa e
organizações sociais.
Paulo Petersen, coordenador da AS-PTA
Agricultura Familiar e Agroecologia e vice-presidente da Associação Brasileira
de Agroecologia, abordou as razões da crise dos alimentos e pontuou a
agroecologia e a agricultura camponesa como alternativas para promoção da
autonomia e da soberania da agricultura. “Os agricultores familiares
diversificam, processam, constroem mercados locais e criam uma nova forma de
cooperação local com redução dos custos monetários e baixa dependência do
capital externo”, comenta, destacando que a agricultura familiar cria mercados
e negocia a partir de valores que vão além do monetário.
Feira de Experiências – Na
programação da tarde, os participantes usaram cartazes, banners e outros
materiais para trocarem suas experiências institucionais. O grupo refletiu
sobre quais ações desenvolvidas se relacionam com a temática da Rota
Estratégica, de que maneira se pode melhorar a atuação e quais as expectativas
em relação à segunda Rota de Aprendizagem. Foram apresentados trabalhos da
EMATER Piauí, Cáritas NE3, SUAF/SEAGRI, Centro Sabiá, Caatinga, Instituto de
Permacultura da Bahia, SASOP, AS-PTA, Rede de Agricultores do ACRE, CAR,
Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Ceará, ASCOOB, Sebrae Bahia, MOC,
Coopercuc, COOAFAP, Coletivo Regional do Cariri, Seridó e Curimataú, Projeto
Dom Helder Câmara, Obra Kolping Piauí, CETRA, IRPAA, Emdagro, Embrapa Caprinos
e Ovinos, CPT, Embrapa Semiárido e COFASPI.
Para a coordenadora do Programa
Semear, Léa Vaz Cardoso, a Feira foi uma oportunidade única de conhecer o
trabalho realizado pelas organizações presentes na temática da Rota. “De fato,
esse espaço contribuiu para o diálogo entre organizações que desenvolvem
trabalhos afins, às vezes no mesmo estado, e que tiveram, pela primeira vez, a
oportunidade de intercâmbio”.
A segunda edição da Rota Estratégica
de Aprendizagem segue até o dia 15 com visitas a experiências agroecológicas
nos municípios baianos de Uauá, Remanso e Várzea da Roça, para onde o grupo
segue amanhã e visitará a experiência da Associação Comunitária de Lagoa Preta
e Capoeira do Milho. Acompanhe a cobertura diária da segunda Rota de
Aprendizagem do Programa Semear também na página do facebook.
O Programa Semear é
implementado pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a
Agricultura – IICA e o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola –
FIDA, com apoio da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o
Desenvolvimento – AECID.
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