CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO: Soberania alimentar e
qualidade de vida na agricultura familiar
O dia amanheceu em festa, no dia 27 de
novembro, para receber de diversos municípios da região agricultores/as
familiares, na sede da Cooperativa de Trabalho e Assistência à Agricultura
Familiar Sustentável do Piemonte – COFASPI, para dá inicio ao primeiro momento do 4º Encontro Regional de Agricultores e Agricultoras Experimentadores/as.
Esse encontro é uma realização da COFASPI, com apoio da Rede de Parceiros da
Terra (REPARTE), Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE) e Federação de
Órgãos para Assistência Social e Educacional
(FASE).
Com o tema: CONVIVÊNCIA COM O SEMIÁRIDO: Soberania
alimentar e qualidade de vida na agricultura familiar. O evento teve
na abertura
mística com os elementos essenciais para a vida, símbolos que fortalecem
as experiências, valorizam e dão visibilidade às atividades dos
agricultores/as. “Mãos que alimentam a nação”.
Na mesa de abertura, Leonardo Lino
(Diretor/Presidente da COFASPI), além de dar as boas vindas e desejar um ótimo
encontro de troca e partilha de experiências e experimentos, fala sobre
objetivo e importância desse encontro. “O encontro de agricultores e
agricultoras experimentadores/as é para mostrar para a sociedade como um todo,
onde está à experimentação, a experiência, a pesquisa de verdade. A pesquisa
experimentada acontece no quintal de cada agricultor e agricultora. É lá onde
vocês testam, experimentam e tiram os resultados de cada pensamento, dica ou ideia
trocada entre vocês”.
Em seguida, uma mesa técnica desperta atenção
dos agricultores/as pela temática voltada às novas perspectivas para
agricultura familiar, discutiu os temas Política de Convivência no Semiárido,
ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural) e Comercialização dos produtos da
agricultura familiar. Contando com a participação de Agnaldo Rocha
(ASA/Bahia-Cáritas NordesteIII), Robson Aglayton (ASCOOB/COFASPI) e Farnésio Braz
(Fórum Baiano de Economia Solidária).
O segundo dia, o aconteceu intercâmbios de experiências sobre convivência com o Semiárido com base nos princípios da agroecologia, praticadas por outros s agricultores/as experimentadores/a familiares, que vem buscando alternativas de melhorar a vida no campo, garantindo renda familiar, segurança e soberania alimentar, além da preservação ambiental numa lógica de produção pautada na sustentabilidade. Em quatro grupos os agricultores/as seguiram para visitar 4 experiências diferentes: As comunidades de Coxo e Várzea Nova, Município de Jacobina. E no município de Caém, as comunidades do Giral e Inácio João.
As visitas da experiência da comunidade de Coxo de Dentro aconteceram na Associação Comunitária dos Moradores e Agricultores de Cocho de Dentro, que trabalham com extrativismo, beneficiamento de coco babaçu. E ainda, nas propriedades das agricultoras Conceição Almeida e Maria Conceição Correia. Que contam com diversidade de produção de alimentos saudáveis e livres de agrotóxicos, comercializados na Feira Agroecológica de Jacobina.
A comunidade de Várzea Nova é marcada pela união e organização das famílias para conquistar melhores condições de vida e garantir a permanência no campo. Como exemplo, a conquista da cisterna de consumo, energia elétrica, água encanada e as cisternas de produção, através COFASPI, pelas quais as famílias passaram a produzir hortaliças, verduras e frutas, já que antes o único plantio era a mandioca. Atualmente, além da farinha, algumas famílias juntam o excedente da produção e comercializa uma vez por semana numa mesma barraca no distrito de Junco/Jacobina. “Se não fosse nossa união não teríamos nada aqui”, diz Lindalva.
Na comunidade de Giral, a visita foi na propriedade de Joaci, onde os agricultores puderam conhecer sua família, a criação de abelhas apis, a fabricação caseira de queijo de cabra, a criação de cabras em aprisco suspenso e o barreiro trincheira construído pela COFASPI através do Projeto Mais Água. A experiência de Joaci foi um motivadora para os agricultores que participaram deste intercâmbio, sua experiência na agricultura familiar e sua relação com o Semiárido serve de exemplo para aqueles/as que buscam no sertão, alternativas para uma vida cada vez melhor.
Em seguida conhecemos a casa de farinha da comunidade e a propriedade do senhor Dourival, onde, segundo ele, com muito amor preserva a agricultura tradicional de subsistência. “Aqui tem de tudo um pouco, mas além de tudo que tem plantado, tem muito amor pelo que faço”, diz seu Dourival emocionado e emocionando enquanto acrescenta que tira da roça o suficiente para ter uma vida digna e feliz. “Foi daqui que consegui tornar 2 filhos doutores”.
Na comunidade de Inácio João,
as famílias conheceram a propriedade de dona Janete, mulher guerreira,
agricultora experimentadora que luta pela melhoria de vida dos produtores
rurais. Em sua propriedade, ela recebeu uma
cisterna calçadão do P1+2 a três anos. Hoje ela cultiva hortaliças com
canteiros de lona sem alvenaria, produz temperos orgânicos com produtos
cultivados em sua propriedade, onde vende na Feira Agroecológica de Caém, que
também é fruto da COFASPI. Ela ministra cursos para outras agricultoras que
tenham interesse em disseminar a receita do tempero. Além disso, dona Janete
agrega valores a sua renda com a fabricação de sabonetes com ervas medicinais
produzidas em sua propriedade. Janete é um exemplo de que é possívelviver bem
no semiárido. Durante a visita,
houve muito bate-papo e trocas de experiências, além de muita animação, que
tornou o momento ainda mais agradável e produtivo.
Mais tarde, os grupos retornaram das visitas,
para socializar os conhecimentos adquirindo, saberes e sabores a partir das visitas,
além de apresentar elementos que caracterizam as comunidades e propriedades
visitadas. E assim, com alegria e cantoria foi realizada uma mística de
encerramento.
A noite foi celebrada com uma belíssima caminhada ao som da banda de pífanos pelas ruas da Praça da Missão/Jacobina, chegando ao espaço da Concha Acústica, onde agricultores/as, membros da COFASPI integrados aos demais participantes puderam assistir e participar do samba de roda e do forró pé de serra, característico da cultura popular. Experiências essas, mostram que a convivência no Semiárido vai além do acesso à água e agricultura familiar, mas envolve também o resgate e a valorização das manifestações culturais populares, que são riqueza do nosso Semiárido.
Celebrando as conquistas de um
Semiárido rico em possibilidades!
Comunicação Popular da COFASPI
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