quinta-feira, 24 de julho de 2014

PARTILHA DE EXPERIÊNCIAS E ALEGRIA RESULTA EM MOMENTOS RICOS DE INTERCÂMBIO


Agraciados com chuva e samba no pé, agricultores e agricultoras de comunidades do município de Mirangaba-Ba, participaram do intercâmbio intermunicipal com riqueza e grande alegria, realizado nos municípios de Caém e Jacobina, na Bahia, durante os dias 22 e 23 de julho de 2014. Trocando experiência e histórias vividas no sertão, que retratam a força e resistência do povo camponês, fazendo circular o conhecimento popular produzido em diversos lugares do Semiárido.

Ação importante como essa, faz parte do processo de formação e mobilização social para a Convivência no Semiárido, do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), em execução pela Cooperativa de Trabalho e Assistência e Agricultura Familiar Sustentável do Piemonte (COFASPI). Que tem como objetivo incentivar, por meio da troca de vivências e aprendizados entre os próprios agricultores e agricultoras, que fortalecem o desenvolvimento sustentável da agricultura familiar.

A recepção calorosa de Janete, Marines e dona Isabel aquecia o frio do período chuvoso da comunidade de Inácio João – Caém. Abrindo as porteiras de suas experiências de produzir alimentos orgânicos, além de dividir as vivências de desafios e superação na sua região, interagindo bem com os/as visitantes, que logo passaram a questionar sobre os saberes para chegar a resultados exitosos, com diversidade de plantios, com base nos princípios agroecológico, que faz uso de práticas naturais para vingar frutos saudáveis, livre de agrotóxicos.

Enquanto, Marinez ensinava como fazer o biofertilizante, que serve como defensivo natural para pragas e ainda fortalece a terra para produção, que logo interessou ao seu José Carlos, “É bom demais aprender essas coisa, vou fazer assim que chegar em casa”, em outra parte da propriedade, dona Isabel contava sobre a receita da pimenta do reino com álcool e rúmen ( fezes frescas) de gado, do mel de fumo, do enxofre, que auxilia no afastamento dos pulgões das produções de hortaliças. Mais na frente já observavam a compostagem para adubação, além de perceber a prática do canteiro econômico espalhada naquelas experiências.

Janete lembrava ainda a importância de plantar erva-cidreira, capim santo, capim nagô, gergelim, pimenta, cravo de defunto, entre as hortas para que as pragas invés de irem para as verduras e hortaliças procurem por essas plantas, “tudo que cheira elas gostam”.

Para Janete, mudanças positivas ocorrerão na vida delas, a partir da conquista da cisterna-calçadão, quando resolveram encarar os desafios de produzir orgânico, e ainda resultou na organização da Feira Agroecológica de Caém. “As cisternas chegaram como incentivo para produzir alimentos saudáveis para nossa mesa. É difícil essa produção, mas a gente vê hoje que vale a pena. Conseguimos ainda realizar um sonho de organizar um espaço para comercializar e trazer uma renda para nossa família”.

No final das visitas, um pequeno instante para refletir e socializar as práticas vistas naquele dia, assim como as mudanças que os visitantes acreditam que precisam levar para sua região. Como diversidade na produção, “o nosso problema lá é investir só na banana, precisamos produzir outras coisas também”, frisa seu Orlando. Outro fato bem debatido foi a questão do adubo químico, o grande mal que esse causa para terra e para quem consome os produtos vindo desse solo. “Precisamos mudar essa realidade também. Pensando principalmente nas futuras gerações”, relata Farnésio Bráz (Comunicador da COFASPI).

O povo de Mirangaba levou muita coisa boa para casa, da comunidade de Inácio João, mas também deixou seus saberes, e em especial a alegria da cultura do samba, contagiando e esquentando o clima frio daquele dia de intercâmbio.

O segundo dia, também abençoado com chuva, contou com a visita na “feirinha” orgânica de Jacobina, sendo possível relembrar de uma expressão de Janete. “A satisfação maior é saber que o consumidor leva para casa um produto de qualidade do mesmo que colocamos na nossa mesa”.

Mais tarde na sede da COFASPI, o coordenador Gilvando Souza conduziu um momento maior de avaliação, além de contar sobre a Rede de Feiras Agroecológica nos município do Piemonte, incentivando o ingresso deles e delas futuramente nesses espaços de produção e comercialização de alimentos orgânicas, que vem gerando renda e autonomia para as famílias do campo.
Após discutir, avaliar e apresentar a bagagem que levavam para casa, extraído desses dois dias de encontro, reafirmando em sorrisos, olhares e expressões como, “Gostamos demais, tem que ter outros dias, o intercambio foi encerrado com muito samba no pé”. Porque Convivência no Semiárido vai além da luta pelo acesso à água e pela agricultura familiar, mas envolve a valorização das culturas populares, riquezas do sertão.








Robervânia Cunha, Comunicadora da COFASPI

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