sábado, 13 de setembro de 2014

TROCANDO EXPERIÊNCIAS PARA UMA ALIMENTAÇÃO LIVRE DE AGROTÓXICO

“A gente faz agricultura há tanto tempo, e só agora vimos nos sentir parte dela”.

Quarta feira, 10 de setembro de 2014. O sol mal estreava seus primeiros raios quando na comunidade de Jenipapo fomos recebidos com um delicioso café da manhã com direito a beiju recheado, entre outras comidas do lugar.

A simpática comunidade do município de saúde recebia cerca de 30 agricultores/as de vários municípios integrantes da REFAS (Rede de Feiras Agroecológicas Solidárias do Piemonte). Estava iniciando um rico intercâmbio, para, entre uma piada e outra, trocar experiências de união e solidariedade na construção de um mundo novo e de vida na labuta do campo pela garantia de uma alimentação saudável e livre de agrotóxico.

Após o Café da manhã, os agricultores/as visitaram a propriedade de dona Maria, que orgulhosa nos mostrava sua abóbora “gigante”, dizendo ser a segunda daquele mesmo pé. “Não pode tocar não senão seca”, disse uma agricultora para a graça dos demais que caíram na risada. Segundo ela, se tocar no fruto antes do tempo o mesmo pode secar e cair. O caso foi levado a sério pelos demais.

Em seguida conhecemos a rica experiência de Dona Celina, agricultora que com orgulho nos apresenta sua produção orgânica no quintal da casa. “Quando chega na feira não dá pra quem quer”, diz ela, falando do óleo de licuri que produz e vende na feira agroecológica de Saúde. “É daqui que tiro meu sustento... todo santo dia eu tô aqui. No dia que dá 5 da manhã, se este rádio não ligar estas galinhas correm tudo pra porteira”. Segundo Dona Celina, as galinhas acostumaram tanto com sua presença, que sua ausência é sentida pelos animais. Deixar o rádio ligado é uma forma de “dizer” a eles que ela está por perto.

Além da produção Agroecológica, Dona Celina também cria patos, peixes e porcos, são estes animais que fizeram com que Breno, seu neto de 9 anos, escolhesse ficar na roça ao invés de voltar à São Paulo onde morava com o pai.

“Coisa linda! Deste pé eu quero uma muda”, diz dona Joelita, acabávamos de chegar no Projeto Florescer, onde mulheres da comunidade tiram o sustento com o cultivo de flores ornamentais ao lado de hortaliças plantadas em área coletiva.

A união é o ingrediente principal na produção agroecológica. Nesta visita, pudemos perceber que a união se dá também para as necessidades da comunidade, é o que aconteceu, por exemplo, para a construção da “barraginha”. Neto e Vera, moradores da comunidade, orgulhosos dizem como foi o processo de construção da barragem, onde só foi possível com participação e envolvimento de toda comunidade através de mutirão, bingos e rifas.

“Ligeiro que deu fome...” Disse dona Joelita enquanto tomava água de um coco que tinha acabado de cair. O tempo passou rápido, mal nos demos conta e já era quase 13 horas.

Após almoço, fomos recepcionados na sede da associação onde o presidente da mesma expôs a história da comunidade. Em seguida o intercâmbio seguiu com monitoramento do Prêmio Mandacaru, executado pela COFASPI (Cooperativa de Trabalho e Assistência à Agricultura sustentável do Piemonte) e em seguida realizado o planejamento de algumas ações da REFAS com intuito de fortalecer cada vez mais a rede de comercialização na garantia de alimentos saudáveis e melhoria da vida no semiárido.

Na avaliação, os/as agricultores/as falaram da importância da troca de saberes e da importância da experiência da comunidade de Jenipapo para o fortalecimento da agricultura familiar no Território a partir do propósito da REFAS e das ações de desenvolvidas pela COFASPI.

Ao final de mais um dia, a necessidade de voltar pra casa, superou a vontade de continuar na agradável comunidade. Mas, nas sacolas de cada participante, ia mais que bananas, alfaces, flores, doces e temperos. Na bagagem, cada agricultor/a levava também um pouco mais de esperança e vontade de permanecer na luta pela produção de alimentos livre de veneno por uma vida melhor.


Texto e fotos: Farnésio Braz






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