quarta-feira, 8 de junho de 2016

Agricultoras e agricultores participam de intercâmbios durante Encontro Nacional

Texto: Luna Layse Almeida - ASCOM/COFASPI

Participantes do intercâmbio com famílias integrantes do MCP
“Qual é a semente que você deseja plantar?”, o questionamento durante a roda de conversas em um dos intercâmbios do IV Encontro Nacional de Agricultoras e Agricultores Experimentadores, realizado terça-feira (7) no assentamento São Francisco, em Cristinápolis, cidade localizada no extremo Sul do Estado de Sergipe, a cerca de 120 km de Aracaju, promoveu a troca de expectativas entre participantes, que são de pelo cinco estados do Semiárido (Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe, Bahia e Minas Gerais). Com diferentes histórias de vida, eles buscam objetivos semelhantes: semear amor, alegria, soberania alimentar e também ter uma produção agroecológica diversificada.
José Marcos dos Santos é membro do MCP em Sergipe
Mas, com o desejo de trabalhar com o uso de sementes crioulas.  Um sentimento compartilhado com as famílias que receberam os/as visitantes, dos diversos estados do Semiárido, na propriedade de Maria dos Santos e José Zacarias. Onde conheceram a experiência do banco de sementes comunitário, resultado da luta do Movimento Camponês Popular (MCP) que em Sergipe tem participação de aproximadamente 300 famílias em Cristinápolis e municípios vizinhos, como Tomar de Geru e Itabaianinha. Ao todo já são duas toneladas de sementes armazenadas, com quatro variedades de milho (ribeirão, taquaral, sol da manhã e astecas), além de cinco variedades de feijão (carioca, roxinho, rosinha, feijão de porco e feijão guandu).
“Esse encontro é produtivo, porque a troca de saberes enriquece o contexto da agricultura camponesa na luta pela terra, assistência técnica, qualidade de vida e alimentação saudável. Cada experiência que vem de outro estado pode ser aplicada na nossa realidade local e isso produz crescimento e transformação da sociedade”, explicou o integrante do MCP José Marcos dos Santos, que é um dos filhos de Maria dos Santos e José Zacarias.
Para manter a reserva, é feito o controle da entrega de sementes para as famílias, que após o plantio e colheita devolvem a mesma quantidade que receberam. Um ciclo criado para tentar garantir a produção de alimentos saudáveis, proteção do meio ambiente e também a manutenção do banco comunitário, com sementes crioulas que possam ser passadas de geração em geração, garantindo a biodiversidade. Ao conhecer esta experiência a agricultora Claudice Gomes, que mora em Brumado/BA, relatou: “A minha família tem costume de guardar sementes individualmente, em casa mesmo (...). E eu já tinha ouvido falar, mas não conhecia os bancos de sementes crioulas. Aqui eu vi a importância”. Em uma área comunitária, famílias do MCP realizam ainda atividades coletivas para multiplicar o milho e o feijão.

A agricultora Claudice Gomes conheceu pela primeira vez a experiência de um banco de sementes
História – Desde 2014 o MCP, que surgiu no estado de Goiás há cerca de 8 anos, tem atuação em nos territórios Sul e Baixo São Francisco de Sergipe, desenvolvendo trabalhos com camponeses/as. Em 2015, o grupo criou o banco de sementes comunitário em Cristinápolis, com variedades de milho e feijão que são guardadas em recipientes plásticos, por conta da dificuldade de acesso a recursos para adquirir material mais adequado ao armazenamento.


*Para saber mais, acesse os boletins de experiências sobre os intercâmbios do IV Encontro Nacional de Agricultoras e Agricultores Experimentadores da Articulação no Semiárido: http://www.asabrasil.org.br/noticias?artigo_id=9542

Milho da variedade Taquaral

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