sexta-feira, 27 de junho de 2014

Estudo Aponta relação entre uso de agrotóxico e autismo

Uma mulher grávida que vive perto de uma fazenda onde são utilizados pesticidas tem 66% mais chances de ter uma criança autista, revelam pesquisadores da Universidade da Califórnia Davis em um estudo publicado nesta segunda-feira.
Esta pesquisa publicada na revista Environmental Health Perspectives analisa a associação entre viver perto de um lugar onde são usados pesticidas e os nascimentos de crianças autistas, apesar de não deduzir uma relação de causa e efeito.
O autismo é um transtorno de desenvolvimento que atinge uma em cada 68 crianças nos Estados Unidos. Um número crescente em relação a 2000, quando a desordem afetava uma em cada 150 crianças americanas.
Os pesquisadores compararam dados sobre a utilização de pesticidas na Califórnia na residência de 1.000 pessoas que participaram de um estudo de famílias com crianças autistas.
“Observamos onde viviam os participantes do estudo durante a gravidez e no momento do nascimento”, explicou um dos autores do estudo, Irva Hertz-Picciotto, vice-presidente do departamento de Ciências e Saúde Pública da Universidade Davis da Califórnia.
“Constatamos que foram utilizados vários tipos de pesticidas, em sua maioria perto das casas onde as crianças desenvolveram autismo ou distúrbios cognitivos.”
Cerca de um terço dos participantes do estudo vivia a entre 1,25 e 1,75 quilômetros de onde foram usados pesticidas.
Os pesquisadores também descobriram que os riscos foram maiores quando o contato com o pesticida se deu entre o segundo e o terceiro mês de gravidez.
O desenvolvimento do cérebro do feto poderia ser particularmente sensível a pesticidas, de acordo com os autores do estudo.
“Este estudo confirma os resultados de pesquisas anteriores que constataram ligações na Califórnia entre o fato de uma criança ter autismo e estar exposto a produtos químicos agrícolas durante a gravidez”, indicou Janie Shelton, co-autora do estudo.
“Apesar de ainda termos que ver se alguns subgrupos são mais sensíveis do que outros a exposição a pesticidas, a mensagem é clara: as mulheres grávidas devem prestar atenção e evitar qualquer contato com produtos químicos agrícolas.”
Neurodevelopmental Disorders and Prenatal Residential Proximity to Agricultural Pesticides: The CHARGE Study
Environ Health Perspect; DOI:10.1289/ehp.1307044
http://ehp.niehs.nih.gov/1307044/

quarta-feira, 25 de junho de 2014

COFASPI realiza oficina de incentivo ao fortalecimento das Feiras Agroecológicas do Piemonte


A Cooperativa de Trabalho e Assistência à Agricultura Familiar Sustentável do Piemonte – COFASPI, realizou nesse domingo 15 de junho, um oficina com o grupo da Feira Agroecológica de Capim Grosso/BA, que aconteceu na comunidade de Furtuoso. Essa ação faz parte do projeto de Apoio a Práticas Inovadoras de Fortalecimento da Rede de Feiras Agroecológica do Piemonte da Diamantina como estratégia de Convivência no Semiárido, vindo através do prêmio Mandacaru II.
“O objetivo geral do projeto apresenta como proposta o apoio, fortalecimento e consolidação de Rede de Feiras Agroecológicas do Piemonte da Diamantina (REFAS PIEMONTE), vem em formato que estimulará as práticas de comércio justo e solidário estimulando junto aos agricultores (as) e comunidades o consumo consciente e uma produção diversificada fomentando as práticas construídas a partir dos princípios da agroecologia e economia solidária, bem como facilitar os processos de formação e logística, contemplando desde a produção até a comercialização nas comunidades, além de atuar na requalificação dos espaços destinados às feiras-livres e resgatar a história das comunidades aproximando o campo da zona urbana como prática inovadora de convivência com o Semiárido”.
A oficina faz parte da metodologia de execução do projeto, que visa, através de visitas de campo, monitoramento e reuniões diagnosticar e mapear a unidade de produção familiar, identificando os principais problemas e potencialidades, além de construir com a família, efetivar as ações ou técnicas percebidas como necessidades ou oportunidades de cada unidade de produção familiar. E ainda pensar junto com a família, o planejamento produtivo e a preparação para as capacitações, visando o fortalecimento da rede de Feiras Agroecológicas.
Nesse sentido, as discussões e reflexões foram em torno dos desafios e das estratégias para fortalecer, crescer e diversificar com qualidade a produção das famílias que fazem parte da Feira Agroecológica, assim como incentiar outras famílias que produzem também se unir ao grupo na comercialização.
O reforço das discussões, venho das visitas nas produções de Seu Jorge e na de Seu Edvaldo, despertando uma analise e um compartilhamento de experiência e saberes de como eles vem produzindo e identificando estratégias para melhorar e ampliar a produção de hortaliças e frutíferas para atender cada vez mais a demanda da Feira e possivelmente poder expandir o comercio por encomenda ou PAA e PNAE.






Para seu Jorge, esses momentos são valiosos, pois permite aprender com seus colegas de barraca e incevita bastante melhoria na ampliação e qualificação da produção e da organização do espaço da “feirinha”. “Esses encontros nossos assim, nos faz acreditar nas melhorias que podemos ter com nossa união”, afirma seu Jorge.


Robervânia Cunha, Comunicação COFASPI

quinta-feira, 12 de junho de 2014

SISMA incentiva a produção de alimentos livre de Agrotóxicos



Nos dias 03, 04 e 05 de junho foi realizada na comunidade Saracura, município de Jacobina, a formação em Sistema Simplificado de Manejo de Água para Produção de Alimentos (SISMA), pelo Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), executada pela Cooperativa de Trabalho e Assistências a Agricultura Familiar Sustentável do Piemonte (COFASPI). Financiado pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).


O encontro discutiu temáticas voltadas para convivência com o Semiárido e para o manejo da água para a produção de alimentos. Tendo como principal objetivo a formação de agricultoras e agricultores familiar na produção de alimentos orgânicos dentro dos princípios da Agroecologia, fortalecendo os processos de convivência com a terra, clima, vegetação, entre outras. Essa convivência, que vem mudando a realidade do nosso Semiárido, desmitificando a ideia de que o Semiárido é uma “região ruim de viver” e de “combate à seca”, trazendo assim, outro olhar de conviver na região Semiárida, de valorização a terra, os saberes, a cultura e todas as riquezas que estar nesse Sertão.
 
Nesse sentido, as famílias agricultoras têm momentos de compartilhar e ampliar suas experiências sobre as ricas possibilidades de convivência com o Semiárido, segurança alimentar e nutricional, bancos de sementes crioulas, quintais produtivo, animais e plantas mais adaptadas a região, o perigo dos agrotóxicos, policultivo e muito mais. Dessa forma, o povo expressa positividade sobre essas ações de mobilização e formação, que faz parte do processo de construção das tecnologias sociais em suas propriedades.  “É muito interessante e proveitoso esses encontros, pois melhora a nossa vida e aprendemos novas alternativas,” relata seu Irineu. Reforçado dona Maria de Lucia, “quando usamos melhor o espaço do nosso quintal, podemos produzir varias coisa, e teremos mais variedades”.

 Outro momento rico foi com a visitada em uma propriedade na própria comunidade, realizando atividades práticas, como a compostagem (que tem como finalidade de recupera solos degradada quando utilizado no solo), montagem de um canteiro econômico, e a produção de defensivos naturais. O encontro aconteceu de forma participativa com colaborações de saberes e experiências dos agricultores (as), trabalhos em grupos e dinâmicas deixando assim, um ambiente bastante descontraído.







 Lucivânia Rios, Monitora do SISMA/COFASPI

terça-feira, 3 de junho de 2014

JUNHO EM FESTA

Junho... Entre o sagrado e o profano, a cultura do nordestino é manifestada, entre fogueiras, novenas, licores e quentões, uma comida tipa da região dá gosto às noites em que se festejam os santos Antonio, João e Pedro. Assim é a cultura nordestina, cheia de simbolismo, simplicidade e alegria.

Não se faz são João sem fogos, sem   Casamento matuto, quadrilha, quebra pote... e quem nunca fez uma simpatia para arrumar um amor na noite da fogueira? Pois é. Nossa cultura e nosso jeito de viver neste lindo lugar... Sertão das culturas, das cantorias e das riquezas que só sabe e conhece quem se permite viver e reverenciar as riquezas que somos e que temos.

Deste modo, os corações já se preparam para mais um mês de junho e cumprir sua sina, acender sua fogueira, dançar a quadrilha e  e no rítimo de forró festejar a vida.

Viva o mês de junho, viva a verdadeira e autêntica cultura nordestina... Viva o jeito de ser e viver no sertão brasileiro.

 #Boas festas!

Por: Farnésio Bráz/Comunicador COFASPI

segunda-feira, 2 de junho de 2014

O papel das cisternas no fortalecimento da agricultura familiar - uma oportunidade histórica no Semiárido brasileiro

Rodrigo de Castro - comunicador da ASA
30/05/2014

A cisterna se transformou em um símbolo do Semiárido brasileiro. Não um daqueles símbolos tradicionais, manjados e perversos que vemos na tela da TV e páginas dos jornais e revistas de grande circulação. Não estamos falando de galhos retorcidos e carcaças de animais, tampouco solo rachado. Estamos falando de um símbolo positivo, que significa estruturação, adaptação a uma realidade a qual, se possui as suas mazelas, ao mesmo tempo exibe muitas riquezas e potencialidades.

A cisterna é uma tecnologia social, nascida de uma ideia muito simples: se a chuva cai somente em alguns meses de forma concentrada, porque não guardá-la para usar quando ela não vem? A beleza da tecnologia social é ser acessível a qualquer pessoa ou organização que queira utilizá-la, e não ter que pagar nada para ninguém. Feita de placas de cimento, é muito resistente e facílima de construir, podendo ser construída por qualquer pessoa apenas com orientações básicas.


Assim, a ideia que nasceu da cabeça de seu Nel, lá nos anos 1950, foi se desenvolvendo e se espalhando ao longo dos anos. E hoje, mais de seis décadas depois, se transformou em política pública, graças à luta da sociedade civil organizada, principalmente através das organizações da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA).

Graças à atuação da ASA, buscando convencer o poder público da importância de garantir um meio de prover água de consumo humano a quem não tem, a cisterna ganhou envergadura, povoando as pequenas propriedades do Semiárido brasileiro aos milhares (pouco mais de 500 mil construídas até 2013, somente pela ASA), e se transformou em lei. Em outras palavras, o governo passou a ter a obrigação de investir na construção de cisternas para a população. 

A beleza maior da cisterna não é apenas ter um meio de guardar água da chuva. O significado maior dela é o protagonismo que ela proporciona aos agricultores e agricultoras, uma vez que seu processo de implementação é participativo desde o primeiro instante. Da mobilização e construção, passando pelas capacitações, que valoriza e fortalece o saber das comunidades, a cisterna é um verdadeiro instrumento de fortalecimento da agricultura familiar. O alicerce, que garante a necessidade mais básica de todo ser humano, a água para matar a sede. 

Mas se engana quem pensa que a cisterna é uma ação isolada. Garantir a água de beber é vital, porém é só o primeiro passo. Toda família agricultora precisa de água para produzir na sua terra, por isso a lógica de guardar, originada pela cisterna se desdobrou em outras tecnologias sociais, como as cisterna-calçadão e cisterna-enxurrada, os tanques de pedra, os 
barreiros trincheira e barragens subterrâneas.

O resultado disso é que, em pouco mais de uma década de construção de cisternas em larga escala, estima-se que mais de dois milhões de pessoas em todo o semiárido passaram a ter acesso à água de consumo, do lado de casa, sem pagar nada a ninguém. O impacto social desse dado é difícil de expressar em palavras. Como explicar em poucas linhas o que significa um ser humano conquistar o direito de ter acesso à água de qualidade? Da mesma forma, um número cada vez maior de famílias vem conquistando meios para sustentar sua produção agrícola, o que significa melhoria na qualidade da alimentação e incremento de renda. 

Fica claro que uma das chaves para promover desenvolvimento no semiárido é a água. Se agirmos na perspectiva de guardar água para usar nos meses de estiagem, é plenamente possível conquistar qualidade de vida no sertão, bastando para isso se adaptar as condições climáticas. Podemos dizer, assim, que a cisterna é um alicerce para o desenvolvimento da agricultura familiar, assim como um pilar para a política de convivência com o Semiárido.


Da janela, se avista a cisterna branca ao lado da casa 
| Foto: João Roberto Ripper / Arquivo Asacom          A conjuntura atual é positiva. A cisterna, desde 2013, é lei. É política pública, prevista no orçamento da União. A Organização das Nações Unidas (ONU) elegeu 2014 como o Ano Internacional da Agricultura Familiar, o primeiro ano internacional da ONU promovido pela sociedade civil. Ou seja, a agricultura familiar, constituída pelos pequenos agricultores e agricultoras, a base que verdadeiramente alimenta a população, nunca esteve em tamanha evidência. Essa é uma oportunidade histórica para a sociedade civil, que somos todos nós, avançar na construção de uma realidade mais digna para o Semiárido e o campesinato brasileiro. A luta é antiga, e já assistimos a avanços e retrocessos.

A cisterna é um instrumento de libertação. Que ela seja também um alicerce, um ponto de partida para que cada família, que já a conquistou, possa construir uma vida mais digna, e viver bem na terra onde reside.