COFASPI em convênio com a ASA realiza mais uma ação do Programa Uma Terra e Duas Águas
Texto e Foto: Karine Silva
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Família e pedreiros pousam para foto ao lado da cisterna e ao fundo, o calçadão |
Tecnologia social que irá beneficiar 77 famílias é o motivo da formação de pedreiros dos municípios de Miguel Calmon, Jacobina e Caém. No chão batido do povoado Alecrim, município de Miguel Calmon, Bahia, aconteceu de 7 a 16 de junho de 2011 o primeiro curso de Pedreiros para a construção da cisterna-calçadão do Território Piemonte da Diamantina. Esta capacitação trata-se de mais uma das ações do Programa Uma Terra e Duas Água (P1+2) realizadas na Região de Jacobina pela Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), em parceria com o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Na região de Jacobina, na Bahia, o Programa é executado pela Unidade Gestora Cofaspi.
Na capacitação, os participantes tiveram acesso às informações sobre a importância e a responsabilidade em se construir cisterna-calçadão para as famílias beneficiadas com o Programa Uma Terra e Duas Águas, da ASA – P1+2. Na oportunidade foi abordada a importância desta tecnologia para se garantir a soberania alimentar das famílias que encontram dificuldades de acesso a água para a produção de alimentos no semiárido baiano. A partir disso, os cisterneiros destacaram a necessidade de se estabelecer um bom relacionamento com as famílias com as quais irão trabalhar durante a construção das cisternas.
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Seu Anchieta durante o momento teórico do curso |
Para Seu Anchieta, instrutor do curso, pedreiro, agricultor, defensor do meio ambiente e do alimento orgânico, “a cisterna é uma tecnologia que poucos pedreiros aqui na região sabem fazer e a realização deste curso é uma oportunidade de capacitar os pedreiros da própria comunidade que são trabalhadores rurais”. A cisterna-calçadão é uma novidade na região, mas ele disse que se sente feliz de realizar este trabalho a mais de 20 anos, primeiro com a construção das cisternas de consumo e agora com a cisterna para a produção, que permite o acesso destas famílias a água nas suas casas, seja para beber ou para a plantação.
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Macílio aprende com Seu Anchieta os detalhes
de como amarar as paredes da cisterna |
Na prática, os pedreiros aprenderam o passo a passo para erguer esta construção social, que se iniciou com a preparação dos componentes e da base: placas, vigas, piso, paredes, coluna central da cisterna e por fim o acabamento das paredes, a colocação das vigas e placas da tampa da Cisterna. Em seguida, após escolher o local adequado, foi a construção do calçadão de 200 m², que consistiu em erguer muro, o piso e o decantador, finalizando a construção desta tecnologia social.
O pedreiro mais novo da equipe, Marcílio de 21 anos, que está aprendendo uma nova profissão e garantindo a sua renda, diz que gosta do que faz e se sente satisfeito em fazer parte desta equipe, pois “aprendo uma profissão diferente e ainda ajudo as pessoas para que elas tenham onde guardar a água da chuva”, enfatiza.
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Família sentada no calçadão da cisterna de produção do P1+2 |
Ao final do curso a cisterna calçadão ficou pronta para o uso da família de D. Idábola, Seu Olímpio e seu filho. Para eles, que moram em uma região que não tem barreiro e o solo não segura água, “esta obra veio para termos um lugar onde guardar a água que cai da chuva, pois aqui passa água para encher rio e a gente não tinha como armazenar”, disse Seu Olímpio.
Com esta cisterna, com capacidade para armazenar 52 mil litros de água, a família vai poder estocar água da chuva e com isto potencializar o cultivo de hortaliças e fruteiras ao lado da sua propriedade, principalmente, em período de estiagem. Para Seu Olímpio, que já produz alguns alimentos (couve, quiabo, alface, coentro, mamão, feijão verde) numa área próxima a barragem comunitária que fica a mais de 2 km de sua propriedade, esta é uma oportunidade de fortalecer a produção existente, realizar este trabalho perto de casa e ainda contar com a ajuda de todos os membros da família nesta tarefa. Ele já sonha com os benefícios que esta cisterna-calçadão pode trazer, como a possibilidade de trabalhar com fruticultura e produzir mesmo no período de seca.
A esposa enfatiza que vai ser uma oportunidade dela contribuir ainda mais nas atividadesda roça, já que no momento, por motivo de doença, ela não pode ir até a barragem com a frequência que gostaria para fazer a colheita e plantação das hortaliças.
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Pedreiros do curso acompanham o mutirão
comunitário para a escavação do buraco da cisterna |
A formação dos pedreiros foi o primeiro passo para se iniciarem as construções das outras 76 cisternas previstas no Programa Uma Terra e Duas Águas nos municípios de Jacobina, Miguel Calmon e Caém. O P1+2 é uma realização da ASA, em parceria com o MDS e está sendo executado na região pela Unidade Gestora COFASPI.
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