quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Nordestina e nordestino, sim senhora

Texto: Antonia Freitas Maia Neta

Foto: Luna Layse Almeida
Ei, menina, hoje vim prosear de uma gente arretada, de sotaque arrastado de mulher de batalha, de cabra de valor, de menino destemido, de moça com jeito de flor.
Povo guerreiro que convive com a seca, mas que também dispõe da nobreza da flora e da fauna com uma caatinga diversificada.
Vou recitar algumas riquezas, pois se fosse listar num caderno não caberia, passava noite, passava dia, pense numa agonia, é muita coisa de valor: tem mandacaru, palma, jurema, pau ferro, umbuzeiro, tamarineiro, cajueiro, ouxi coisa boa tatu, perdis e nambu, cabra, bode e o danado do jumento, que atravessa muitas léguas, arriégua, carregando seu dono no lombo em busca do sustento, pense que este bicho tem destaque e faz parte da história desse povo de valor.
Sábios, sim senhor: do couro do boi faz o gibão, do sisal a esteira, do barro faz a panela, o jarro e até escultura do doutor.
É com muito amor que essa gente coloca seu tempero na comida. Pense em um cardápio diversificado, alimento bom é o que não falta. É canjica, mungunzá, beijú, rapadura, bolacha de goma, galinhada, farofada, tudo degustado na beira da fogueira, regado aos causos, moda de viola, samba de roda. É um muído agitado, que deixa muito cabra animado.
Lutas, batalhas, a este povo nobre nunca faltou. Força, vigor e resistência é a identidade de um povo com o título de Nordestino, arretados e arretas, sim senhora.

Nota sobre a autora:
Antonia Freitas Maia Neta é técnica em agropecuária

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