“Na troca de
experiência é que aprendemos muito mais”
O clima de
alegria, entusiasmo e interesse em aprender mais, marcou o intercâmbio
interestadual, entre 16, 17 e 18 de outubro, com agricultores e agricultoras
familiares dos municípios de Várzea Nova, Ourolândia e São José do Jacuípe da Bahia,
que partiram com destino ao município de Oricuri no Pernambuco, na busca de
conhecer, ampliar e fortalecer aprendizados sobre estratégias de Convivência no
Semiárido. Na viagem, a interação, brincadeiras, piadas, cantos e causos já tomava
conta do intercâmbio que proporcionava muitos risos.
Os
intercâmbios de experiências fazem parte do processo de formação e mobilização social
para Convivência com o Semiárido do Programa Uma Terra e Duas Águas – P1+2, da
Articulação Semiárido Brasileiro – ASA, que vem sendo executado pelo Movimento
de Organização Comunitária – MOC em parceria com a Cooperativa de Trabalho e Assistência
à Agricultura Familiar Sustentável do Piemonte – COFASPI. O intercâmbio, contou
com apoio do Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituições Não-Governamentais
Alternativas – CAATINGA.
No começo do
dia, depois do merecido descanso e apesar das interações durante a viagem, a
velha metodologia de apresentação para conhecer e saber de onde vinha cada
um/uma. E as brincadeiras e piadas continuavam, arrancando altas risadas. Logo
Dona Iridan apelidou dona Maria de Gatinho, em homenagem a um gato que passeava
por lá. E assim, seguiram para as visitas.
A primeira
visita foi realizada na sede rural da CAATINGA, na comunidade Lagoa do Urubu, que
desenvolve ações que contribuem para a sustentabilidade dos agroecossistemas
locais e de educação agroecológica, entre seus projetos esta o artesanato de madeira
feito por um grupo de jovens. A animadora de campo, Cledivânia Lopes,
apresentou um pouco sobre esse projeto. “A nossa sede aqui recebia muitas
visitas de jovens, então o CAATINGA resolveu trazer algo que ocupassem o tempo deles,
além de proporcionar renda, autonomia e permanência no campo. (...) Hoje, o
grupo diminuiu, mas os que ficaram segue em frente com vontade e alegria, mesmo
com os desafios a serem enfrentados”.
Após um
delicioso almoço e bons papos, a visita seguinte foi no Assentamento Agrovila
Nova Esperança, onde existe um projeto na escola da comunidade, que além de
trabalhar com os alunos a Educação Contextualizada, fazem práticas
agroecológicas, como canteiros econômicos, adubos orgânicos, biofertilizante, viveiro de mudas e casa de sementes, para incentivo da produção de alimentos sem o uso de agrotóxicos.
O Agente Promotor de Agroecologia (APA) da CAATINGA, Romerio Mendes, explica
como acontece esse trabalho. “Os alunos aqui estudam as disciplinas que já
conhecemos dentro da Educação Contextualizada e ainda fazem um trabalho com
hortas, tendo como base a agroecologia. (...) Meu trabalho é acompanhar as
famílias e orientar na produção agroecológica, livre de veneno. São práticas
muita rica para o nosso Semiárido. (...) A que acho mais linda é a prática de guardar semente, é o luxo do nosso Sertão”.
Ainda na
mesma comunidade, em um lindo quintal produtivo, o senhor José Nilton aguardava
para contar e mostrar sua experiência. “Nossa que coisa linda”! Essa foi a
reação do povo quando viram a belezura e diversidade daquele quintal,
implantado em um lugar que sofre logos períodos de estiagem. Puderam perceber
que com determinação as alternativas de convivência superam os desafios
encontrados. “Estava me preparando para ir embora, quando a CAATINGA chegou com
essa novidade de quintal produtivo, ai resolvi encarar e deu certo. De lá pra
cá estamos criando e inventando meios de conviver, sem pensar em sair do nosso
lugar”, conta o agricultor experimentador José Nilton.
Entre uma
experiência e outra os cochichos, anotações e registros do que ali era visto e
ouvido. “Quero aprender muita coisa boa, pois tenho pouco conhecimento com
essas práticas, mas tenho muito interesse em aprender”, diz dona Iridan. Já o senhor
Silvinio, fala em fortalecer o que tem. “Tenho uma boa produção para o consumo,
agora com esse tão de biofertilizante que apendi, vou tentar aumentar mais um
pouquinho. Se Deus quiser”!
Voltando para
seus aconchegos, deixam um pouco de seus saberes e leva um pouco de outros, na
esperança de renovar energias nas suas experiências de conviver bem no
Semiárido.
E para agradecer Dona Averita da Silva canta uma linda canção:
“Senhor, eu quero agora te
agradecer
Por tudo que o Senhor me fez
saber
São coisas que eu nunca merecia
Senhor, aceite essa minha humilde
canção
Que sai de dentro do meu coração
Agradeço primeiramente a ti
Senhor”.
Robervânia Cunha – Comunicadora Popular da
COFASPI
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