quinta-feira, 23 de outubro de 2014

INTERCÂMBIO INTERESTADUAL: RICA AÇÃO DE TROCA E PARTILHA DE SABERES DE AGRICULTORES E AGRICULTORAS

“Na troca de experiência é que aprendemos muito mais”

O clima de alegria, entusiasmo e interesse em aprender mais, marcou o intercâmbio interestadual, entre 16, 17 e 18 de outubro, com agricultores e agricultoras familiares dos municípios de Várzea Nova, Ourolândia e São José do Jacuípe da Bahia, que partiram com destino ao município de Oricuri no Pernambuco, na busca de conhecer, ampliar e fortalecer aprendizados sobre estratégias de Convivência no Semiárido. Na viagem, a interação, brincadeiras, piadas, cantos e causos já tomava conta do intercâmbio que proporcionava muitos risos.

Os intercâmbios de experiências fazem parte do processo de formação e mobilização social para Convivência com o Semiárido do Programa Uma Terra e Duas Águas – P1+2, da Articulação Semiárido Brasileiro – ASA, que vem sendo executado pelo Movimento de Organização Comunitária – MOC em parceria com a Cooperativa de Trabalho e Assistência à Agricultura Familiar Sustentável do Piemonte – COFASPI. O intercâmbio, contou com apoio do Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituições Não-Governamentais Alternativas – CAATINGA.

No começo do dia, depois do merecido descanso e apesar das interações durante a viagem, a velha metodologia de apresentação para conhecer e saber de onde vinha cada um/uma. E as brincadeiras e piadas continuavam, arrancando altas risadas. Logo Dona Iridan apelidou dona Maria de Gatinho, em homenagem a um gato que passeava por lá. E assim, seguiram para as visitas.

A primeira visita foi realizada na sede rural da CAATINGA, na comunidade Lagoa do Urubu, que desenvolve ações que contribuem para a sustentabilidade dos agroecossistemas locais e de educação agroecológica, entre seus projetos esta o artesanato de madeira feito por um grupo de jovens. A animadora de campo, Cledivânia Lopes, apresentou um pouco sobre esse projeto. “A nossa sede aqui recebia muitas visitas de jovens, então o CAATINGA resolveu trazer algo que ocupassem o tempo deles, além de proporcionar renda, autonomia e permanência no campo. (...) Hoje, o grupo diminuiu, mas os que ficaram segue em frente com vontade e alegria, mesmo com os desafios a serem enfrentados”.

Após um delicioso almoço e bons papos, a visita seguinte foi no Assentamento Agrovila Nova Esperança, onde existe um projeto na escola da comunidade, que além de trabalhar com os alunos a Educação Contextualizada, fazem práticas agroecológicas, como canteiros econômicos, adubos orgânicos, biofertilizante, viveiro de mudas e casa de sementes, para incentivo da produção de alimentos sem o uso de agrotóxicos. O Agente Promotor de Agroecologia (APA) da CAATINGA, Romerio Mendes, explica como acontece esse trabalho. “Os alunos aqui estudam as disciplinas que já conhecemos dentro da Educação Contextualizada e ainda fazem um trabalho com hortas, tendo como base a agroecologia. (...) Meu trabalho é acompanhar as famílias e orientar na produção agroecológica, livre de veneno. São práticas muita rica para o nosso Semiárido. (...) A que acho mais linda é a prática de guardar semente, é o luxo do nosso Sertão”.

Ainda na mesma comunidade, em um lindo quintal produtivo, o senhor José Nilton aguardava para contar e mostrar sua experiência. “Nossa que coisa linda”! Essa foi a reação do povo quando viram a belezura e diversidade daquele quintal, implantado em um lugar que sofre logos períodos de estiagem. Puderam perceber que com determinação as alternativas de convivência superam os desafios encontrados. “Estava me preparando para ir embora, quando a CAATINGA chegou com essa novidade de quintal produtivo, ai resolvi encarar e deu certo. De lá pra cá estamos criando e inventando meios de conviver, sem pensar em sair do nosso lugar”, conta o agricultor experimentador José Nilton.

Entre uma experiência e outra os cochichos, anotações e registros do que ali era visto e ouvido. “Quero aprender muita coisa boa, pois tenho pouco conhecimento com essas práticas, mas tenho muito interesse em aprender”, diz dona Iridan. Já o senhor Silvinio, fala em fortalecer o que tem. “Tenho uma boa produção para o consumo, agora com esse tão de biofertilizante que apendi, vou tentar aumentar mais um pouquinho. Se Deus quiser”!

Voltando para seus aconchegos, deixam um pouco de seus saberes e leva um pouco de outros, na esperança de renovar energias nas suas experiências de conviver bem no Semiárido.


E para agradecer Dona Averita da Silva canta uma linda canção:

“Senhor, eu quero agora te agradecer
Por tudo que o Senhor me fez saber
São coisas que eu nunca merecia
Senhor, aceite essa minha humilde canção
Que sai de dentro do meu coração
Agradeço primeiramente a ti Senhor”.




 Robervânia Cunha – Comunicadora Popular da COFASPI



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