quarta-feira, 21 de setembro de 2011

P1+2 - Agricultoras e agricultores do Piemonte da Diamantina visitam experiências de convivência com o Semiárido no município de Riachão do Jacuípe


Texto: Karine Silva 
Cerca de 50 agricultoras e agricultores dos municípios de Miguel Calmon, Caém, Jacobina beneficiados pelo programa de Mobilização e Convivência com o Semiárido – Uma Terra e Duas Águas (P1+2) participaram de intercâmbios intermunicipais entre agricultores familiares para multiplicação de experiências em três comunidades do município baiano de Riachão de Jacuípe.

Estas visitas permitiram que agricultores e agricultoras conhecessem experiências desenvolvidas por outras famílias de agricultores em estratégias de convivência com o Semiárido. Os intercâmbios também objetivam possibilitar troca horizontal de conhecimentos e técnicas para agricultores destes municípios com os de outras regiões. Estas novas experiências vivenciadas por estas pessoas contribuem para o processo de mudança agroecológica dos sistemas produtivos e manejo do solo e água de forma a provocar o desenvolvimento rural, humano e sustentável.

No município de Riachão do Jacuípe estes agricultores foram visitar, na comunidade de Mucambo, a propriedade de Abelmanto e Jacira e, na comunidade de Mandassaia, a família de Idelmiro e a experiência do agricultor Eduardo, na comunidade de Barreiro.

Abelmanto, o agricultor experimentador que recebeu o grupo de visitantes, afirma que para realizar qualquer tido de mudança e aprender a conviver com os limites da natureza, é preciso ter conhecimentos destes limites para poder perceber o quanto cada um é capaz de conviver com o clima semiárido, e a partir disto planejar a sua propriedade, “quando se conhece os limites da natureza, você se transforma com ela também”, afirma.

A partir deste entendimento, hoje ele e a esposa são exemplo de agricultores que desenvolvem o sistema agroecológico em sua propriedade de forma ousada e planejada. Por exemplo, ele mantém uma área de caatinga raleada, criou a bomba malhação para repuxe e irrigação de água, utiliza a irrigação pelo sistema de gotejamento, construiu o biodigestor para produzir gás de cozinha e biofertilizante a partir do esterco do animal, tem a barragem subterrânea, a cisterna calçadão para a produção de alimentos, tem a criação animal, está montando uma área de farmácia viva, mantém um projeto de educação ambiental, produção de polpa de frutas da região, artesanato, banco de semente e casa de ração animal e várias tecnologias que facilitam o trabalho da família na roça e o manejo e uso sustentável do solo e da água.

Abelmanto também constrói e comercializa a bomba malhação que criou, ministra cursos de gerenciamento de água para produção, além de ser um defensor e mobilizador da promoção do desenvolvimento sustentável. Com todo este empenho eles conseguem suprir quase todas as suas necessidades.

No retorno das atividades, as famílias ficaram encantadas com tantas experiências que viram, só esperam agora coloca-las em práticas em suas próprias terras. “Já estava ansioso para chegar este dia para aprender muitas coisas que a gente ainda não sabe”, declara Joaquim Neto, do município de Miguel Calmon.

O P1+2 é uma realização da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA) e está sendo executado no território Piemonte da Diamantina pela Cooperativa de Assistência à Agricultura Familiar Sustentável do Piemonte (COFASPI), com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).

Nenhum comentário:

Postar um comentário