Texto
- Comunicação Caravana Agroecológica do Semiárido Baiano
Refletir
sobre modelos de desenvolvimento e sistemas agroalimentares a partir de
elementos comuns a uma bacia hidrográfica. Esse é o objetivo da “Caravana
Agroecológica do Semiárido Baiano: nos caminhos das águas do São Francisco”,
que tem início na próxima segunda-feira (26), em Juazeiro (BA). O grupo de 70
pessoas, que fará parte da Caravana, também tem como proposta dar visibilidade
a denúncias, conflitos e experiências de resistência e organização de
comunidades dos seis municípios que serão visitados.
No
primeiro dia da Caravana Agroecológica do Semiárido Baiano, os participantes
vão se reunir, em Juazeiro, para um momento de integração e reflexão sobre a
região do Submédio do São Francisco. No dia seguinte, a Caravana vai se dividir
em duas rotas, uma com destino aos municípios de Campo Formoso e Jacobina; e
outra, que passará por Casa Nova, Remanso e Campo Alegre de Lourdes. Durante
três dias, integrantes de movimentos e entidades populares, universidades,
centros de pesquisas e órgãos públicos vão vivenciar diferentes realidades e
contrastes do Semiárido baiano.
Seis
eixos orientaram a construção das rotas da Caravana: os impactos da mineração,
conflitos fundiários, conflitos por água, uso e impactos de agrotóxicos,
experiências agroecológicas e resistências comunitárias. Para Manoel Ailton
Rodrigues, integrante do Movimento Quilombola e do Comitê da Bacia Hidrográfica
do Rio Salitre, é de suma importância os locais escolhidos para a realização da
Caravana. “Os impactos nas bacias do rio Salitre e do entorno do Lago de
Sobradinho são os objetivos da Caravana Agroecológica. Sem dúvida, ela vai
fortalecer a luta dos respectivos comitês”, afirma.
Comunidades
tradicionais, como quilombolas, pescadores e fundos de pasto também estão
incluídas nas rotas dos caravaneiros/as. Como parte da programação, acontecerá,
no dia 28 pela manhã, o Seminário: “Ameaça aos Territórios Tradicionais”. A
atividade será realizada no salão da Colônia de Pescadores de Casa Nova e é
aberta a toda a população. “A programação está bastante rica, convidamos todas
comunidades por onde a Caravana estará passando para participar com a gente.
Várias pessoas de diversas organizações estarem juntas em uma caravana ajuda a
gente a reconhecer os desafios para além da própria comunidade ou organização,
nos permitindo um olhar de mais amplo para o território onde estamos”, ressalta
o sanitarista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e integrante da coordenação da
Caravana, André Búrigo.
A
Caravana Agroecológica tem como diferencial a produção de um diagnóstico sobre
o Submédio do São Francisco a partir de trocas e saberes coletivos e uma
análise crítica composta por olhares de pesquisadores, comunidades, técnicos e
integrantes de movimentos populares. Como resultado, espera-se realizar e reforçar
denúncias de violações de direitos e contribuir para a atuação do Ministério
Público da Bahia, pressionar por políticas públicas e sociais, fortalecer a
luta de comunidades tradicionais e divulgar experiências agroecológicas e de
Convivência com o Semiárido. Uma carta política e um documentário também serão
produzidos a partir da Caravana.
“A
vivência da Caravana já é um grande resultado. É uma aposta de que devemos e
pudemos caminhar juntos, construindo convergências nas ações”, diz Búrigo. As
Caravanas Agroecológicas têm sido realizadas por todo o Brasil desde 2013, como
estratégia de mobilização de diferentes atores sociais. A do Semiárido Baiano
vem sendo construída desde agosto do ano passado, com a participação de cerca
de 30 organizações dos âmbitos federal, estadual e que atuam na região do
Submédio do São Francisco. O encerramento da Caravana Agroecológica do
Semiárido Baiano será realizado no dia 30, no Espaço Plural da Univasf, em
Juazeiro.