sexta-feira, 27 de outubro de 2017
quinta-feira, 26 de outubro de 2017
Procuradora-Geral da República considera inconstitucionais os benefícios fiscais e tributários concedidos aos Agrotóxicos
A Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, no último dia 17 de outubro deste ano, nos autos da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5.553, emitiu Parecer pela Inconstitucionalidade das cláusulas primeiras (em parte) e terceira do Convênio ICMS 100/97 do CONFAZ (Conselho Nacional de Política Fazendária) e do Decreto Federal 7.660/11 (depois substituído pelo Decreto 8.950/16), dispositivos estes que concedem Benefícios Fiscais aos Agrotóxicos.
A referida ADI foi apresentada pelo
Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e se fundamenta nos princípios
constitucionais do Direito ao Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado
(art. 225 da CF), do Direito à Saúde (art. 196) e da Seletividade Fiscal
(arts. 153, §3º., I e 155, § 2º., III, da CF).
A Procuradora-Geral, em bem fundamentado
parecer de 46 laudas (que vale a pena ser lido e estudado), não só
acolheu os pedidos e o embasamento da ação proposta, como trouxe mais
elementos tanto de ordem fática, como doutrinária e jurisprudencial.
Cito, apenas, aqui, rapidamente, alguns pontos da ementa do parecer de Raquel Dodge:
– “O ordenamento constitucional,
internacional e infraconstitucional demonstra a preocupação com a
utilização dos agroquímicos impondo severas restrições à produção,
registro, comercialização e manejo, com vistas à proteção do meio
ambiente, da saúde e, sobretudo, dos trabalhadores” (item 6);
– “Os instrumentos tributários
impugnados percorrem o caminho inverso, eis que, ao estipularem
benefícios fiscais aos agrotóxicos, intensificam o seu uso e, portanto,
sujeitam o meio ambiente, a saúde e a coletividade dos trabalhadores aos
perigos inerentes ao manuseio em larga escala […]” (item 7);
– “O magistério jurisprudencial do
Supremo Tribunal Federal inclina-se a dar preferência ao direito ao meio
ambiente, quando necessita ponderá-lo com outros interesses coletivos
[…]” (item 9);
– “Ao fomentar a intensificação do uso
de agrotóxicos, o Estado descumpre importante tarefa de extração
constitucional, referente à preservação do meio ambiente e afronta
diretamente a melhor compreensão do princípio constitucional do
poluidor-pagador” (item 10);
– “Portanto, o incentivo fiscal
endereçado aos agrotóxicos traduz prática contrária aos ditames
constitucionais de proteção ao meio ambiente (CR, art. 225) e à saúde
(CR, art. 196), sobretudo dos trabalhadores” (item 11);
Conclui a Procuradora Geral sua ementa
com o seguinte posicionamento: “Parecer Por Conhecimento da Ação E
Procedência Do Pedido”.
Nossa luta agora, junto com a ABRASCO (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), que ingressou no processo como amicus curiae
ao lado do PSOL, é garantir que a Suprema Corte acolha o parecer
favorável do PGR e possamos acabar com essa imoralidade que são os
benefícios fiscais aos agrotóxicos.
Peço licença para dizer da minha alegria
e satisfação por mais esse passo na luta em defesa da Natureza, da
Justiça socioambiental e do Direito Ambiental. Essa felicidade, eu
diria, é tripla: como ambientalista (ecossocialista), como filiado ao
PSOL e, em especial, como professor de Direito Ambiental.
Aqui, um pouquinho da história: no ano
de 2014, desafiei (no bom sentido da palavra) uma orientanda minha do
curso de Direito da UNI7 (Geovana Marques) a fazer sua monografia de
conclusão de curso sobre a inconstitucionalidade dos incentivos fiscais
aos venenos agrícolas, o que ela aceitou de pronto. A Professora Raquel
Rigotto, coordenadora do núcleo Tramas/UFC e uma das maiores
pesquisadoras sobre os agravos dos agrotóxicos, funcionou como
co-orientadora. Também participou da co-orientação, a professora Germana
Belchior, colega da UNI7, que pesquisa tributação ambiental.Depois, um
grupo de pesquisadores do Tramas e de advogados da RENAP – Rede Nacional
dos Advogados e Advogadas Populares (além de mim e da Geovana, cito,
dentre tantos colegas e com o risco de esquecer alguém e cometer
injustiça, a advogada Talita Furtado e o advogado Cláudio Silva) se
reuniu para a apresentar uma minuta de peça, que foi levada à direção
nacional do PSOL. O partido, por seu presidente, Luiz Araújo, acolheu a
ideia, e repassou para o advogado André Maimoni, que foi responsável
pela redação final de peça jurídica da ação de inconstitucionalidade.
É claro que desse processo e dessa luta
maior, muitos outros sujeitos, militantes e movimentos sociais e
ambientais (muitos dos quais organizados na Campanha Permanente contra
os Agrotóxicos e pela Vida) – fazem parte. Mas, entre todos, duas
pessoas têm que ser lembradas e homenageadas in memorian: José
Maria do Tomé, líder camponês assassinado com 25 tiros em 2010 por sua
luta contra a pulverização aérea em Limoeiro do Norte – Ceará, e
Vanderlei Matos, que morreu muito jovem vitimado por câncer causado pelo
uso intensivo e prolongado dos agrotóxicos no seu ambiente de trabalho.
É por eles, por suas viúvas e filhos, pela natureza, pelas atuais e
futuras gerações que estamos nessa luta!
terça-feira, 24 de outubro de 2017
segunda-feira, 23 de outubro de 2017
Jantar de Lançamento do 6º Encontro de Agricultores e Agricultoras Experimentadores/as foi realizado em Jacobina/BA
Texto e fotos: Luna
Layse Almeida – Comunicação COFASPI
O jantar foi realizado no Chalé Mont Tabor, em Jacobina/BA |
O lançamento reuniu parceiros/as da COFASPI |
Entre
versos, cordéis e cantorias, o Jantar de Lançamento do 6º Encontro de
Agricultores e Agricultoras Experimentadores/as – organizado pela Cooperativa
de Trabalho e Assistência à Agricultura Familiar Sustentável do Piemonte
(COFASPI) e parceiros/as – foi realizado na noite da última sexta-feira (20),
no Chalé Mont Tabor, em Jacobina/BA. Estiveram presentes no Lançamento, representantes
de instituições, empresas e grupos apoiadores da COFASPI.
Durante
o jantar, foram servidos alimentos produzidos por famílias agricultoras que
trabalham com base em princípios da agroecologia e economia solidária,
respeitando o meio ambiente. “É fundamental pensarmos nessa dimensão do ecodesenvolvimento.
Nessa dimensão de que o desenvolvimento começa a partir do lugar em que a gente
está, da nossa comunidade”, explicou o cerimonialista do Jantar de Lançamento
do Encontro, professor Reis Oliveira.
Homenagem à agricultora Janete Rodrigues |
O
Jantar de Lançamento contou ainda com apresentação sobre linhas de ações da Cofaspi e
descrição dos objetivos do Encontro de Agricultores e Agricultoras
Experimentadores/as. Ao final, a programação do jantar teve atrações musicais. O poeta e cantor Maviael Melo se
apresentou acompanhado dos músicos Cicinho de Assis e Gabriel Guedes, em
seguida, houve a apresentação instrumental de Ednaldo Carvalho Saxofonista.
Encontro - O lançamento da data prevista para a sexta edição do Encontro de Agricultores e Agricultoras Experimentadores/as foi anunciado pelo diretor-presidente da COFASPI, Leonardo Lino. “Agradeço a nossos/as amigos/as que estão aqui hoje (...) e do dia 6 ao dia 9 de dezembro de 2017 vai acontecer o 6º Encontro de Agricultores e Agricultoras Experimentadores/as, em Jacobina/BA”, ressaltou.
O Encontro reúne em média 300
agricultores e agricultoras familiares com o intuito de promover a troca de
experiências agroecológicas. A edição mais recente do evento, realizado em
Jacobina/BA no ano 2015, contou com intercâmbios, atrações culturais, além de diálogos
sobre políticas, lutas e direitos sociais das famílias agricultoras de regiões
do Semiárido.
quarta-feira, 11 de outubro de 2017
Glifosato provoca alterações no DNA
Matéria originalmente publicada em: http://www.nossofoco.eco.br/agrotoxicos/glifosato-provoca-alteracoes-no-dna/
– Obesidade
– Diabetes
– Defeitos do tubo neural
– Autismo
– Câncer
– Doenças Pulmonares
– Doenças auto-imunes.
Fontes: Beyond Pesticides , Research Gate, Huffington Post
O
glifosato está relacionado a várias doenças, incluindo diabetes,
obesidade, asma, doença de Alzheimer, esclerose lateral amiotrófica
(ALS), na doença de Parkinson, entre outras.
Imagem: reprodução do site nosso foco |
Uma revisão da literatura científica liga o glifosato, um dos herbicidas mais populares nos EUA ( e no mundo) e o ingrediente ativo do Roundup, a uma ampla gama de doenças crônicas causadas
através de um mecanismo que modifica o funcionamento do DNA,
adicionando um nova dimensão ainda mais preocupante para a classificação do câncer por herbicida pela Agência Internacional de Investigação do Câncer.
De acordo com a mais recente revisão, Glifosato para a doença moderna V: analógico de aminoácidos de glicina em diversas proteínas, conduzida por renomados cientistas independentes, tais como: Anthony Samsel, Ph.D. e Stephanie Seneff,
Ph.D., cientistas Do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT),
atos de glifosato como um análogo da glicina que incorpora em peptídeos
durante a síntese de proteínas.
Neste processo, altera um número de proteínas que dependem de glicina para conservar seu funcionamento adequado.
De acordo com os autores, a substituição da glicina por glifosato
resulta na sua relação com o surgimento de várias doenças, incluindo
diabetes, obesidade, asma, doença de Alzheimer, esclerose lateral
amiotrófica (ALS), na doença de Parkinson, entre outras.
Glicina,
um pequeno aminoácido comumente encontrado em proteínas, tem
propriedades únicas que suportam a flexibilidade e a capacidade de
ancorar a membrana do plasma ou do citoesqueleto.
Esta nova evidência biológica, tratados em conjunto com os dados de correlação, tornam convincentes que a toxicidade do glifosato altera grande parte do aminoácido Glicina, de acordo com o estudo.
Os autores constataram que o glifosato, como um análogo do aminoácido glicina, pode ser incorporado em cadeias polipeptidicas durante a síntese de proteínas.
Ao
fazê-lo, provoca um impacto sobre a estrutura e função das proteínas.
As proteínas dobram-se, e a glicina é uma pequena molécula que
frequentemente é encontrada nos lugares dobráveis. Uma vez que o glifosato
é muito maior, impede que a molécula de proteína se dobre
adequadamente, levando à destruição da função de muitas proteínas e com
funções essenciais em processos reguladores do metabolismo.
O artigo cita inúmeras maneiras de como que afeta os seres humanos e outros organismos. De acordo com o estudo, as consequências desta ação pode levar a liberação de ácidos graxos prejudiciais, levando à :
– Diabetes
– Defeitos do tubo neural
– Autismo
– Câncer
– Doenças Pulmonares
– Doenças auto-imunes.
Stephen Frantz, Ph.D., cientista e biologista explica assim:
“Quando
uma célula está tentando formar proteínas, pode pegar glifosato em vez
de glicina para se formar, gerando uma proteína danificada. Depois
disso, é o caos na medicina. Onde o glifosato substitui a glicina, a
célula já não pode realizar transações naturais como de costume , e como
consequência geram muitas doenças imprevisíveis e distúrbios como
resultado".
O lançamento deste estudo vem na esteira de várias outras discussões e ações sobre o glifosato que tiveram lugar ao longo das últimas semanas.
No mês passado, em uma reunião no Congresso Americano
promovida pela U.S Representante Ted Lieu, uma delegação de cientistas
independentes, incluindo autores deste estudo, apresentaram suas
descobertas, instando os legisladores a solicitar à EPA para proibir o
RoundUp, herbicida carro-chefe da Monsanto.
O Beyond Pesticides participou do painel, prestando testemunho sobre o impacto do glifosato no solo, bem como o risco que representa para os seres humanos, animais e meio ambiente.
Seguindo
o briefing do Congresso, os cientistas falaram em uma reunião fechada
com a Environmental Protection Agency (EPA), explicando as razões
bioquímicas e fisiológicas do porque a exposição ao glifosato,
o ingrediente ativo do RoundUp, está ligado ao autismo, Alzheimer,
câncer, defeitos de nascimento, obesidade , intolerância ao glúten,
entre outros problemas de saúde.
O
Escritório da EPA – Programas de Pesticidas e sua equipe se reuniram
com os congressistas e forneceram uma visão geral do processo de
registro da EPA para o glifosato.
A
EPA indicou que grande parte da informação fornecida pode não impactar
sua avaliação atual de risco para o glifosato, mas que talvez em
algum momento em 2017.
Glifosato,
criado pela Monsanto, é apresentado como produto de “baixa toxicidade”
química e “mais seguro” do que outros produtos químicos por parte da
indústria de agrotóxicos.
Mas ao contrário disto, o glifosato tem demonstrado impactos negativos sobre os seres humanos e ao meio ambiente.
Dada a sua utilização generalizada tanto em residências como no setor agrícola, a sua toxicidade é uma preocupação crescente.
No início de 2015, o glifosato foi classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e Agência Internacional de Investigação do Câncer (IARC) como um “provável cancerígeno humano.”
Apenas alguns meses depois, um estudo publicado no Saúde Ambiental descobriu que a exposição crônica, em baixas doses de glifosato levaram a efeitos adversos no fígado e no rim.
O
Roundup também pode induzir a formas alteradas de DNA relacionadas com a
sua exposição química, afetando os rins e o fígado de ratos, disruptor endócrino
da célula humana sobre o receptor de andrógeno, a inibição da
atividade de transcrição sobre os receptores de estrogênio no HepG2,
danos ao DNA e efeitos citotóxicos que ocorrem em concentrações bem
abaixo de resíduos “aceitáveis” têm sido observados.
O
Roundup também prejudica a capacidade das culturas para capturar
carbono do ar, um fator importante na luta contra as alterações
climáticas.
“O glifosato
afeta negativamente o microbioma do solo”, disse Frantz. "E destrói a
capacidade do solo que é um meio nutritivo para a produção de
colheitas. A agricultura regenerativa orgânica ou biológica
é a solução para o setor agrícola sustentável e para a conservação do
solo, do ar e da qualidade da água, para não sequestrar carbono que
ajuda a mitigar a crise climática. Fazemos um apelo para a proibição do
glifosato".
Fontes: Beyond Pesticides , Research Gate, Huffington Post
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