quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Projeto Mais Água realiza evento de encerramento em Jacobina

“Seja bem vindo olêlê, seja bem vindo olálá! Paz e bem pra você que veio participar!”. Com muita animação e um belo coro de 80 participantes, começou a Oficina de Integração Produtiva, Sensibilização Sócio Educacional e Sócio Organizacional com os agricultores e agricultoras familiares contemplados/as pelo Projeto Mais Água – Captação de Água de Chuva para o Semiárido Baiano.

O evento aconteceu no mês de setembro em Jacobina. Participaram do encontro famílias agricultoras dos municípios de Caém, Caldeirão Grande, Filadélfia, Pindobaçu, Ponto Novo e Saúde, contempladas pelo Projeto Mais Água.

A atividade consistiu em orientar no sentido do processo de produção para comercialização, principalmente no que se refere à produção orgânica, comercialização nas feiras municipais, agregação de preço nos produtos, organização da produção para não faltar, enfocando o papel do associativismo comunitário e o cooperativismo solidário da agricultura familiar e economia solidária.

Uma bela mística foi montada no espaço da oficina, composta por elementos levados pelos próprios agricultores, esses vindos das suas propriedades e que representam a melhoria da qualidade de vida e o potencial produtivo que o projeto proporcionou.

O professor Reis Oliveira, foi o mediador do evento e falou da importância do mesmo. “A agricultura familiar hoje é responsável pela produção de diversos ramos no campo da produção de alimentos, da soberania e segurança alimentar e nutricional, da sustentabilidade socioambiental, ela também é importante no sentido de gerar trabalho e renda e, também, no campo fitoterápico. Então acho que esse encontro foi muito importante, pois ajudou a reforçar toda essa ideia de protagonismo social dos agricultores e agricultoras”. Salienta o professor Reis.

Dona Mariza, do município de Filadélfia, se emocionou e gostou muito do evento. “Essa atividade me fez lembrar de quando eu era menina, a gente passou muita dificuldade por causa da seca, porque a gente não tinha essa ideia de economizar água nem produzir alimentos. Hoje, graças a Deus tamo bem melhor e pode melhorar mais ainda se a gente saber trabalhar”. Conta Dona Mariza.
 
O projeto teve grande importância nos Territórios Piemonte da Diamantina e Piemonte Norte do Itapicuru. Ao todo 885 famílias foram beneficiadas com as tecnologias de captação de água de chuva, fazendo com que as mesmas tenham uma vida mais digna, promovendo segurança alimentar e nutricional e geração de renda, mudando a realidade do semiárido e das famílias agricultoras.

O Projeto é realizado pela Cooperativa de Trabalho e Assistência à Agricultura Familiar Sustentável do Piemonte (COFASPI), fruto de um convênio entre o Governo do estado da Bahia, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (SEDES) e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), em parceria com a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA).

Fabiano Vidal
Comunicador Popular


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

INTERCÂMBIO INTERESTADUAL: RICA AÇÃO DE TROCA E PARTILHA DE SABERES DE AGRICULTORES E AGRICULTORAS

“Na troca de experiência é que aprendemos muito mais”

O clima de alegria, entusiasmo e interesse em aprender mais, marcou o intercâmbio interestadual, entre 16, 17 e 18 de outubro, com agricultores e agricultoras familiares dos municípios de Várzea Nova, Ourolândia e São José do Jacuípe da Bahia, que partiram com destino ao município de Oricuri no Pernambuco, na busca de conhecer, ampliar e fortalecer aprendizados sobre estratégias de Convivência no Semiárido. Na viagem, a interação, brincadeiras, piadas, cantos e causos já tomava conta do intercâmbio que proporcionava muitos risos.

Os intercâmbios de experiências fazem parte do processo de formação e mobilização social para Convivência com o Semiárido do Programa Uma Terra e Duas Águas – P1+2, da Articulação Semiárido Brasileiro – ASA, que vem sendo executado pelo Movimento de Organização Comunitária – MOC em parceria com a Cooperativa de Trabalho e Assistência à Agricultura Familiar Sustentável do Piemonte – COFASPI. O intercâmbio, contou com apoio do Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituições Não-Governamentais Alternativas – CAATINGA.

No começo do dia, depois do merecido descanso e apesar das interações durante a viagem, a velha metodologia de apresentação para conhecer e saber de onde vinha cada um/uma. E as brincadeiras e piadas continuavam, arrancando altas risadas. Logo Dona Iridan apelidou dona Maria de Gatinho, em homenagem a um gato que passeava por lá. E assim, seguiram para as visitas.

A primeira visita foi realizada na sede rural da CAATINGA, na comunidade Lagoa do Urubu, que desenvolve ações que contribuem para a sustentabilidade dos agroecossistemas locais e de educação agroecológica, entre seus projetos esta o artesanato de madeira feito por um grupo de jovens. A animadora de campo, Cledivânia Lopes, apresentou um pouco sobre esse projeto. “A nossa sede aqui recebia muitas visitas de jovens, então o CAATINGA resolveu trazer algo que ocupassem o tempo deles, além de proporcionar renda, autonomia e permanência no campo. (...) Hoje, o grupo diminuiu, mas os que ficaram segue em frente com vontade e alegria, mesmo com os desafios a serem enfrentados”.

Após um delicioso almoço e bons papos, a visita seguinte foi no Assentamento Agrovila Nova Esperança, onde existe um projeto na escola da comunidade, que além de trabalhar com os alunos a Educação Contextualizada, fazem práticas agroecológicas, como canteiros econômicos, adubos orgânicos, biofertilizante, viveiro de mudas e casa de sementes, para incentivo da produção de alimentos sem o uso de agrotóxicos. O Agente Promotor de Agroecologia (APA) da CAATINGA, Romerio Mendes, explica como acontece esse trabalho. “Os alunos aqui estudam as disciplinas que já conhecemos dentro da Educação Contextualizada e ainda fazem um trabalho com hortas, tendo como base a agroecologia. (...) Meu trabalho é acompanhar as famílias e orientar na produção agroecológica, livre de veneno. São práticas muita rica para o nosso Semiárido. (...) A que acho mais linda é a prática de guardar semente, é o luxo do nosso Sertão”.

Ainda na mesma comunidade, em um lindo quintal produtivo, o senhor José Nilton aguardava para contar e mostrar sua experiência. “Nossa que coisa linda”! Essa foi a reação do povo quando viram a belezura e diversidade daquele quintal, implantado em um lugar que sofre logos períodos de estiagem. Puderam perceber que com determinação as alternativas de convivência superam os desafios encontrados. “Estava me preparando para ir embora, quando a CAATINGA chegou com essa novidade de quintal produtivo, ai resolvi encarar e deu certo. De lá pra cá estamos criando e inventando meios de conviver, sem pensar em sair do nosso lugar”, conta o agricultor experimentador José Nilton.

Entre uma experiência e outra os cochichos, anotações e registros do que ali era visto e ouvido. “Quero aprender muita coisa boa, pois tenho pouco conhecimento com essas práticas, mas tenho muito interesse em aprender”, diz dona Iridan. Já o senhor Silvinio, fala em fortalecer o que tem. “Tenho uma boa produção para o consumo, agora com esse tão de biofertilizante que apendi, vou tentar aumentar mais um pouquinho. Se Deus quiser”!

Voltando para seus aconchegos, deixam um pouco de seus saberes e leva um pouco de outros, na esperança de renovar energias nas suas experiências de conviver bem no Semiárido.


E para agradecer Dona Averita da Silva canta uma linda canção:

“Senhor, eu quero agora te agradecer
Por tudo que o Senhor me fez saber
São coisas que eu nunca merecia
Senhor, aceite essa minha humilde canção
Que sai de dentro do meu coração
Agradeço primeiramente a ti Senhor”.




 Robervânia Cunha – Comunicadora Popular da COFASPI



segunda-feira, 20 de outubro de 2014

PRÊMIO MANDACARU II: FORTALECENDO AS FEIRAS AGROECOLÓGICAS NO PIEMONTE

                                    “Nós não somos sós,  somos uma rede de feiras, que se fortalece e  se anima para trabalhar e seguir em frente” . Veraneide –Saúde.

A Rede de Feiras Agroecológicas Solidárias do Piemonte da Diamantina – REFAS recebeu nos dias 09 e 10 de outubro, a visita da coordenadora técnica do Prêmio Mandacaru II, Maiti Fontana, Consultora Socioambiental do Instituto Ambiental Brasil Sustentável (IABS), que se reuniu com a equipe do Projeto de Apoio à Prática Inovadora de Fortalecimento da Rede de Feiras Agroecológicas do Piemonte da Diamantina como estratégia de Convivência com o Semiárido,  apoiado pelo Prêmio Mandacaru II e  executado pela Cooperativa de Trabalho e Assistência à Agricultura Familiar Sustentável do Piemonte (COFASPI).

Na oportunidade, Maiti visitou agricultores/as em suas propriedades e as Feiras agroecológicas apoiadas pelo prêmio nos municípios de Jacobina Caém e Saúde.
A Rede de Feiras Agroecológicas do Piemonte surgiu como uma oportunidade de fortalecer as 10 Feiras Agroecológicas existentes nos municípios que compõem o Território. Dessa forma, o Prêmio Mandacaru II, apoiou as feiras com visitas e assistência técnica, oficinas, intercâmbios de experiências e suporte com materiais de comunicação que além de reforçar a importância de consumir alimentos saudáveis e livres de agrotóxicos também está divulgando as feiras nos municípios.


Após uma reunião na sede da COFASPI, a coordenadora do Prêmio Mandacaru fez visita de campo nas propriedades dos agricultores/as que participam das feiras nos respectivos municípios. Visitas estas onde pode ser evidenciado o processo produtivo de agricultores que prezam pela agroecologia e preservação do meio ambiente como todo, garantindo à mesa da população, alimentos livres de agrotóxicos.


Em cada fala ou olhar, os agricultores/as expressavam a mudança de vida a partir da produção agroecológica, garantindo alimentação saudável à suas famílias, além de possibilitar aumento da renda através da comercialização do excedente desta produção.

Como diz dona Zenaide (Feira/Saúde), começamos da raiz, lutamos muito para formar a nossa feirinha, mas graças a Deus conseguimos. (...) Os intercâmbios que a gente participou foram muito bons, conhecemos gente nova e aprendemos muita coisa que veio com o Prêmio Mandacaru.  A gente ver que as pessoas ainda não têm consciência, mas precisam saber qual alimento que tão levando para sua família.
“A feira foi a realização de um sonho e vem para nos completar. (...) Eu acho que o diferencial da feira orgânica é que além de gerar nossa renda, os produtos que comercializamos ajuda as pessoa  a ter um a vida de qualidade, consumindo alimentos saudáveis. Então tudo isso só vem a somar na nossa vida”. Janete Rodrigues/Feira Agroecológica de Caém.

Por fim, o prêmio Mandacaru tem contribuído e muito com a melhoria da qualidade de vida das pessoas do território, garantindo alimentos saudáveis e gerando renda, nesta perspectiva, a agricultura tem se fortalecido como ações como estas desenvolvidas pela COFASPI e outras entidades que acreditam sem medo de errar que a agricultura familiar é além de tudo uma alternativa viável para reduzir as desigualdades sociais e o êxodo rural numa perspectiva de emancipação do ser humano que torna-se protagonista da sua história fazendo do campo do Semiárido, um lugar cada vez melhor de se viver.